quinta-feira, 28 de março de 2013




era uma santa , vestia azul, sempre linda. num pedestal lilás imaculado, integro, livre do pecado. era uma santa linda.
- raimundo, deixa essa santa que já esta limpa, diziam os padrecos que viam raimundo por horas passar as mãos na santa para tirar-lhe o pô.
- será que quando eu morrer, padre, essa santa me leva pros pés dela, preu ficar com ela a vida que vem depois da vida?
- ohh, raimundo claro que leva... pede pra ela, pede com fé. a santa atende.mas espera raimundo, espera...
raimundo esperou e esperou a ausência da carne para ter com a santa, linda, linda, imaculada, imaculada seu arrebatamento.
como morreu velho, transou com juliana, patrícia, amanda, gertrudes, eulalia, açucena... mas gozou mesmo com Cora. sua melhor transa ate hoje, na vida que vem durante a vida.


ramonc/ a melhor transa de raimundo foi com Cora/
março-2013

sábado, 16 de março de 2013


dou-lhe um recado e esteja GRATA, porque causa em mim GRETA profunda, parecida com profunda GRUTA, fez meu riso ir-se como se vento , em pedra, causa-se GROTA, quando você, por desequilíbrio GRITA.
ramonc/ alfabetizando o amor, família GR/
março-2013

eu não tenho mãos. perdi as mãos pra ele.
não tenho pernas. ele as quis.
não tenho pau. cortou fora, deu aos cães.
não tenho boca. nem beijou-a, jogou fora.
não tenho cabeça. comprou de mim à banana e vendeu no mercado branco.
tenho coração, aflito, com medo... se eu não der meu coração a ele, fico pobre, paraplégico, morto... sofro. eu sei. disseram-me.

ramonc/ o medo que eles têm eles/ 
março-2013 


quinta-feira, 14 de março de 2013


freud disse que é preciso ter um pai.  sou um assassino de figuras paternas. matei, ao longo dos meus curtos anos vividos, uma centena de figuras paternas que, eu garanto, mais me atravancaram o crescimento do que sustentaram os deslizes.

primeiro, foi o macho fecundador. esse não matei. suicidou. foi-se. não sei dele. meu irmão, dez anos mais velho. matei sua figura paterna metida a besta quando sua idade e a minha não era mais ensejo para que eu, por arbitrariedade, lavasse a louça. meu padrasto. esse foi duro, veio rígido veio imbuído de um pai maior. foi então um genocídio.   matei pais grandes, pais pequenos, uns namorados da minha mãe. sempre me dei como filho, mas nunca fui concebido como, daí... matava a figura opressora e sem vergonha macha que , por pedantismo do acaso, aparecia.

matei padeiros, machões , gays, e até mulheres. pais de amigos meus, colegas, padres, orientadores.
Freud disse: é preciso matar a figura paterna. sou, o que poderíamos chamar , profissional.

ramonc. / o pai que se foda./
março – 2013.