sábado, 27 de outubro de 2012

as tais da califórnia.

ondas. ondas bonitas. dizem que na orla, dependendo da luz e do tom, vês-lhes douradas à beira. minha vista já passou em muitas, sempre, entretanto, mais olhando do que vendo. sei que olhar e ver são dois verbos muito similares, contudo, têm uma distinção enorme quando se trata do tom e da luz. 
ondas bonitas que não fazem barulho, mas tem cheiro e cor. são sensíveis ao toque. e eu, enquanto as toco, sou sensível às ondas. quando, de peito, de braços e abraços, mergulho nas ondas, me invade os sentidos, inunda meu corpo, meu rosto e ativa meu sexo. 
na califórnia há praias lindas.

ramon c.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012


É e há! Tem, talvez.


A literatura é um corte.
A literatura é a morte.
Há literatura na morte.
Há literatura na sorte.
A literatura é a sorte.
A literatura é um corte,
A literatura é amor.
Há literatura no amor.
Há literatura na dor,
No sabor,
No calor.
A literatura é o sabor,
É o calor, por que não?
A literatura é um pão!
Há literatura num pão!
No feijão
No estirão
Que a perna dá por conta do nervo...
A literatura é o frevo.
E mais, há literatura no frevo.
A Literatura em Pernambuco.
Há literatura de Pernambuco.
Após Pernambuco.
Pós-Pernambucana.
A literatura é a cana,
E há na cana literatura,
Tem literatura na altura.
Tem literatura no chão.
Tem literatura na mão.
A literatura é um corte.
Há literatura num corte,
Que sangra
Que inflama,
Se dana...
Há literatura na inflamação.
De garganta,
Do desejo.
A literatura é um beijo.
Há literatura num beijo.
A literatura é um corte.
Um corte desses profundos.
A literatura é um corte raso.
A literatura é um vaso.
Há literatura num vaso.
A literatura é o fim.
A literatura é o começo.
A literatura é ciência.
Há literatura na ciência.
A literatura é ansiosa.
Há literatura na paciência.
A literatura é paciência.
Reticência, reticência, reticência...

 ramon c.

sábado, 13 de outubro de 2012


mais uma sobre sexo.


sei que peguei em sua cintura e minhas mãos envolveram teu quadril como se fossem encontrar uma à outra em tuas costas. sei também que tua boca úmida enchia minha boca de saliva e amor e que sua língua me pertencia mais que a minha própria, pois estava mais dentro da minha do que da sua boca.

sei que podíamos nos tocar livremente e que os suspiros e brincadeiras tomavam os espaços e atraíam os curiosos olhares em nossa direção, que embora disfarçados, inspiravam outros casais. éramos públicos. e veja, parecia só um beijo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

um bolero nordestino, uma xícara de café e a poeira acumulada.

sabe, compadre... envelhecemos querendo ou não. pegue um cabra destes metido a ser jovem e , veja, que a pochete logo tende a denunciar o cão. nem moda, nem destino... porra nenhuma acontece nessa vida que não a certeza do fim. vêm as primeiras bronhas, as menininhas querendo dá pra você, depois... é só se fodendo, e muito, que se entende a tal história de que todo mês vem conta, vem patrão, vem. só vem. segurar com mão é que não se pode. se segura com lembrança. a lembrança é a mão mais forte que tem pra segurar coisa velha. é só na cabeça do cabra que se segura um chifre daqueles, um nome no spc, a morte de alguém. nem tente... compadre... explicar que não pelo o que eu digo e atesto: homem de mão boa é aquele que tem cabeça a maldar coisa desde o passado à data de hoje. desses é que se há de ter medo. veja só, cê nem lembra de um xingo que deu num puto, ele vem, e te pega no susto.  cê nem lembra o que do de antes vem puxar teu pé em noite nevoenta. a vida é complicada... vem velho, vem moço... difícil é controlar quem é que te vem pra te pegar na esquina. toma essa café compadre, que o frio vem e gela o copo. bebe esse café que é o que te resta.

ramon c.