segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

receita para sanidade:

se for a hora de chorar: chora, porra!



ramon c: / receita/

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

no natal.

nó natal.
nona e tal.

nonó, all.

grandmother all.

God, is father!

eu comi nozes, e bebi vinho demais.


ramonc. /texto de natal e do que lhe lembra/
12-2012.

sábado, 22 de dezembro de 2012

de volta à superfície
                           


                                                    percebeu que fazia um dia lindo.





ramon c/ dia lindo/
22/12/2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Há          Há    Há    Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  



Há  Há  Há  Há  Há    Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há   Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  


Há                                                                                        Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  
Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há   Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há    Há  Há  Há    

- Basta de Filosofia.


Ramon c. / basta de filosofia/ baseado na música do Caetano Veloso : ele me deu um beijo na boca.





















quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

       
"Sete mil vezes eu tornaria a viver assim
Sempre contigo transando sob as estrelas
Sempre cantando a música doce
Que o amor pedir pra eu cantar
Noite feliz, todas as coisas são belas"

Caetano Veloso, Sete mil vezes.



           umidade e calor, não dá outra: tempestade. alaga a rua, escorre volumosa a água que não poupa, é implacável, avassaladora. inevitável. tsunami. o homem se abriga na padaria onde o café é quente e o papo é solidário. os cães do lado de fora vigiam o povo que corre com o que for sobre as cabeças para poupar o minimo-máximo da água quente da primavera florida que há em são paulo.
          eu invadi os teus pensamentos, certa tarde, despindo-lhe o corpo que vestia tons terrosos e uma lingerie azul que combina com o tom da sua pele, com a atenção de uma criança que começa a ler as primeiras sílabas. concentração, interesse e o despreparo de quem acaba de perder a virgindade. quantas vezes se deixa a virgindade durante a vida? a primeira vez que nos olhamos. a primeira vez que masturbei pensando em você. a primeira vez que minha boca tocou com profundidade o copo de café que me é servido agora, enquanto a chuva engrossa do lado de fora e o clima , temperado, umidece e traz um cheiro de terra e pecado.
           onde vai dar a sua linha da vida? "morro cedo, envelhecer? me dá preguiça.", e eu pensando em teus pulsos quentes ao meu toque e a nossa virgindade indo-se alegre e quente, rumo ao oceano? talvez. rumo ao quarto fechado, a uma pequena luz acesa, que mostra a curva da linha da vida, dos teus seios e da tua cintura presa às minhas mãos, coladas à minha boca, junto da atenção das minhas orelhas. língua. todas as palavras são belas. mas você põe significado em tudo. 
           - é... não para essa chuva, esse calor...
           - toma mais um café?
           - sim.
          de Cristo a Lacan, da linha longa à linha curta: há pecado. há desejo. você me traz o mundo. eu te prometo beijos. 
           - parou de chover...
           - por hoje. aposto que ainda virão furacões. 
           dizem estar próximo o final do mundo.




ramon c. / todas as coisas são belas/
19-12
         

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

psycho - Clara Averbuck


Baby, you're driving me crazy
I said baby, you're driving me crazy
The way you turn me on
then you shot me down
well, tell me baby
am I justyourclown?
-THESONICS

Eu era uma escritora bêbada, perdida em uma cidade enorme e sem nenhum lugar decente. Saudosista do rock de ontem e amante do rock de hoje que soa como o de ontem. Um livro publicado, nenhum di­nheiro no bolso. Alguns frilas me salvavam, as contas dos bares au­mentavam, os amigos emprestavam dinheiro quando podiam. Mamãe e papai, coitados, falidos e fodidos, ajudavam quando podiam. Sem amor e com poucos amigos, me restaram as minhas droguinhas con­troladas pelo Doutor Fajuto, que não controlava porra nenhuma além de sua própria conta bancária; desde que você pagasse a consulta, es­tava tudo certo. 0 convênio pagava, então ele me mantinha feliz com as minhas receitas azuis. Sem amor. Quase murchando.
Então eu me apaixonei.

Só poderia mesmo me apaixonar pelo dono de um bar. Se bem que me apaixonaria de qualquer jeito, fosse ele um geólogo ou um advogado ou um torneiro mecânico. Mas era dono de um bar, e lá estava ele sentado no sofá, debaixo de uma garota, em cima de uma poltrona. A odiei . A garota, não a poltrona. Quis que morresse, que sumisse. Tinha cara de burra. Feia. Boba. Chata. Namorada. Ignorei. Fingi que ela não existia e puxei papo. Em dois minutos eu estava apaixonada. Ela saiu e o papo engatou até o ponto em que ele dis­se "parei, deixa eu parar com isso", todo perturbado. E eu soube que era ele. E era mesmo. No dia seguinte ela não estava lá e foi lindo, foi como voltar para casa depois da guerra, como uma janela aber­ta na minha alma claustrofóbica, nós dois girando no meio dos dis­cos, nós dois grudados, nós dois um. Então ele estragou a minha noite falando que era devotado à namorada. Devotado. Apagaram a luz, fecharam a porta. Devoção. Eu também já fui devotada, mas pelos motivos certos. E pela pessoa errada. Fui embora a pé, sozi­nha, falando sozinha na rua de manhã. Sozinha. Bêbada. Quase sem memória.
Merda, merda. Quero lembrar. Quero saber tudo, mas não sei. Quero pisar na cara da sensação de ridículo. Sumir esse gosto da boca. Me encher de tabefes pra ver se eu paro com essa merda toda. Um creminho, sabe, pra tirar a maquiagem borrada. Como uma coisinha tão pequena pode me derrubar com tanta força? Bolinhas no chão, no meio do caminho, blam. Ploft. Olha lá a mina estirada no chão, toda fodida, sentada na porta do metrô. Chutem o rabo dela por mim.
Ah, foda-se.
Focof.
Não fala antes de saber, não comenta antes de ler, não seja espertinho comigo, querido. Não comigo.
Olha a mina caminhando de manhã na rua, bem pequenininha, todo mundo olhando. Olha a cara dela, aquela cara de idiota. Olha amina se perdendo no metrô, oh, a grande & assustadora mina com um metro e meio de altura e diminuindo, diminuindo, cabendo no bolso de alguém. Indo pra casa sozinha no meio de todos aqueles prédios tagarelas e daquelas pessoas de gravata. Dando telefonemas absolu­tamente patéticos para sua única amiga, tentando achar um lugar macio pra deitar. Olha, olha, olha ela sem dinheiro de novo, toda fodida. Que maldição. Meu avô disse que o amor é um cão do inferno, Arturo disse que o amor é feio, que é uma cicatríz na palma da nossa mão. Arturo, como eu queria que você estivesse errado. Que o amor fosse bonito e construísse casinhas e famílias e tudo. Damn, damn, damn. Olha a cicatríz na palma da minha mão sangrando de novo. Olha a mina, que babaca, ainda acreditando em alguma coisa. Ela não aprende, não quer aprender, recusa-se. Ela também não sofre de pena e autoco miseração inúteis, não se perde nessas coisas. Mas se perde o tempo todo porque escolhe se perder. Olha o sol cegando a noite, dor nos pés, a mina falando sozinha e andando sozinha e indo para lugar ne­nhum. Mas ela vai, ela caminha porque não consegue ficar parada. As bolinhas voltaram junto com o enjôo de manhã. As coisas voltam o tempo todo, será que estou andando em círculos? Nesse caso, melhor seria ficar parada. Quietinha. Sem respirar. Mas eu não consigo. Corre, corre, vai, rápido. Corre pra chegar logo em lugar algum.
Correndo, correndo, voltei ao bar na noite segunda, no cantinho com meus amigos, bem longe, era um lugar público, não era? Eu poderia ir lá se quisesse, mesmo que ele fosse devotado, aquele filho da puta que afagou meu coração pra me mandar embora. No fim da noite, fui pagar a conta e ganhei um beijo de troco, assim, sem aviso, por cima do balcão, como um tapa pela minha ousadia de aparecer lá. Só um beijo e lá estava eu sozinha de novo, indo embora sozinha, de novo sozinha, a louca. Bêbada de novo, cheia de bolinhas na ca­beça. Cansada dessa história, sempre a mesma coisa, sempre a mes­ma rejeição. Sempre trocada.
Já me sentindo um caroço morto no canto do prato, atendo a porta de casa e lá está ele sorrindo o sorriso mais lindo do mundo, aqueles olhos, ai meu deus aqueles olhos dele. Ficamos bêbados e ele me deu um tapa na cara. "Sua filha da puta. Você é minha. Minha, entendeu? Minha!" Entendi. Fomos para o bar, ligamos a jukebox e ficamos lá no sofá de zebrinha escutando Sonics. Oh baby, you're driving me crazy. Estávamos ficando loucos, os dois. Ele por causa de mim, eu por causa dele, nós dois por causa da namorada. Uma na­morada de seis anos não se larga assim. Eu discordava, foda-se a sua namorada, foda-se tudo, vamos fugir daqui. Nós bebíamos demais e brigávamos, rolávamos pelo chão e acabávamos trepando. A síndica reclamava. Cartas chegavam reclamando do barulho. Os dias passan­do, o telefone tocando e ele finalmente contando tudo para a na­morada. Lágrimas, escândalo. Queria conversar comigo e me dizer "umas poucas e boas". 0 quê, exatamente? Deveria me desculpar por amar o namorado dela? Deveria me sentir culpada? Não desculpe, eu não sou assim, eu vou lá e pego, porque ele era meu, ele nasceu para mim, me desculpe, você está sentada no meu lugar, garota. Ele chorava e dizia que não queria fazer ninguém sofrer. Eu olhava e queria chorar também, porque todo mundo estava sofrendo demais e tudo era horrível e lindo. Ele dormia comigo e saía correndo de manhã, morrendo de culpa.
Até que um dia ele ficou. Quatro , cinco da tarde de segunda-feira. Ele ficou. 0 dia inteiro enroscado nos lençóis comigo, a noite inteira e mais uma manhã. Foi ficando. Voltava todos os dias. Nunca mais foi embora. Agora ele está ali, deitado na cama, na nossa casa, cui­dando da nossa filha enquanto os ônibus e a vida passam. E a síndica parou de reclamar.

psycho - Clara Averbuck - todos os créditos.




ando meio com dores no estômago/acho que foi algo que comi/ou foi o macarrão do tio jerônimo/ou foi o amor que me meti.





ramon c. / paixão no estômago/
18-12-2012

O que mais AMO

                       é a PALAVRA

não fosse ELA

não AMARia
mais NADA.

Ramon C. /a palavra/
18-12-2012

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012



nos bares de pinheiros?
nos botecos da augusta?
nas esquinas da vila madalena?
ou nos braços das putas?

ramon c./ haikai do (in) contro/
17-12-2012
eu preciso de um licor pra pôr as ideias nos eixos.
eu preciso de uns beijos.
e uns beijos teus.

                                         eu preciso de amor pra estar em estado normal.
                                         eu preciso de sexo oral.
                                         e uns beijos teus.

eu preciso de equilíbrio, encontrar o meu meio.
eu preciso dos teus seios.
e uns beijos teus.

                                                                                                       eu preciso ouvir mais cantoras roucas.
                                                                                                       eu preciso das tuas coxas
                                                                                                       e uns beijos teus.
  
eu preciso aprender a surfar.
eu preciso te masturbar
e uns beijos teus.

                                                                 eu preciso comprar alguns livros.
                                                                 eu preciso tomar um café contigo.
                                                                 e uns beijos teus.                    

ramon c/ desocupada ela me chama para tomar um café/
17-12-2012                                                                                     
quadra de um desejo estranho.

olha os meu defeitos
e não me procura mais
eu não tenho grandes feitos
não te daria paz

procura em mim qualquer beleza
é feiura que encontra
não acumulei alguma riqueza
não ganhei prêmio de honra

nunca viajei pra longe
pouco do que digo é plágio
no perigo sou o que foge
não conheço nem o básico

muito do que penso é sexo
pouco do que lembro é tolo
nunca tive grande êxito
muitos me associam a roubo

por isso não me olhe mais
pegue sua roupa e vista
vá e não olhe pra trás.
vá, por favor, não insista

se ficar aqui, pensa bem,
não te dou garantia de nada
mas terá meu corpo sagrado: amém
e minha alma profana : a ti dada.

ramon .c .

sábado, 15 de dezembro de 2012

a doutora veio com ar sereno e preocupado : pode começar a falar como se sente, do que gostaria.


ele respondeu: eu queria fazer amor umas oito vezes sem parar. e é só nisso que eu consigo pensar tem um tempo.

a doutora deu-lhe alta e foram juntos tomar um vinho.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


Não espere de mim esse olhar desatento,
Que não te despe o corpo,
Que não te beija a nuca,
Que não te deseja nua.
Não espere de mim o olhar que não te abraça forte,
Que não te beija úmido,
Que não te segura
Que não te quer nua.
Meu olhar é o desejo.
Do pecado desprezado.
do poema secreto.
Meu olhar em ti pesado,
Para ti é feito...
Discreto.

Ramon c. /sem título/

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

       
         esse texto leva um segundo.
        senti medo de ser tão penetrado em meu íntimo que desviei o olhar. naquele segundo que ultrapassa a tênue linha entre o o confortável e o íntimo. desviei o olho. 
        os deuses da loucura, talvez, quiçá, expliquem bem o que há em mim por dentro. ela... ela se despe em sincronismo lento , ora para testar meu sexo. ora para testar a sua sexualidade. 
       "Quase feminino, você me vê..." esse texto tem um tom suave do não sei. não sei porque antes de saber desviei o olho. e nos olhos dela, nos gestos dela e no cheiro que involuntariamente saía de sua pele, que, por um segundo, ou quase, descobri o íntimo dela quando ela olhava o meu. há no pronome possessivo 'meu' um eu que diz de mim... o 'm' é de 'mulher'. 
a palavra mulher tem "l". esse élê que faz a língua trepar com o céu da boca. muLLLherr... eu repeti segurando o élê. 
      voltei e o olho dela também se tinha desviado. para a maternidade. para os panos de prato. não sei que raios faz em esse batom vermelho nos lábios dela. LLLLábios, vermeLLLhooosss. não sei, porque eu desviei o olho. por um segundo. nunca fomos. vestiu-se rapidamente. era a comportada. a sacra. a casta. eu fiquei de pau duro não sei quanto tempo. puni-me, mas não achei pecado. um segundo estivemos despidos, olhando-nos. puros de mundo. o mudo não existe nas frações de segundo.

Ramonc.
      

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

sim. neguei meu corpo e agora ele não serve para nada. minhas mãos não servem. meu tronco, forte e saudável: não serve. neguei meu sexo... sou assexuado, nem homem, nem mulher. mãos dadas. mãos dadas?  mãos dadas, para quê? neguei meu pau. 
sim, eu neguei meus dentes tortos. neguei minhas pernas, tortas. neguei meus braços... nada serve. nada serve. mãos dadas... " tem certeza?" mãos dadas. tenho certeza.
neguei meu vícios. neguei a cachaça no copo... neguei meu olhos. não vejo. não vejo. neguei meu paladar. não serve o gosto.  não sinto gosto... estou há tempo sem ter gosto em língua, que já não serve... minha saliva... já não serve.
o pecado, eu não nego. sou homem... e sei odiar. não perdoar. e estou ofendido. sim.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

sem querer eu lembrei que faria 6 anos ontem. que merda! tava procurando um dvd e achei uma agenda antiga, tava lá riscado: 14 do onze: puta! impressionante como nenhum pouquinho da minha raiva passou e como eu  quero, e muito, passar com as quatro rodas do buiu em cima de você: verme. 

a doutrina espírita de amor, amor, amor, de maneira nenhuma serve para mim, se tratando de você, e não serve pra você como segurança a meu respeito. se eu te encontro cuspo na sua cara, corto teus cabelos a faca, chuto-lhe porca imunda e vil. sim, eu não tenho nenhuma estima por você, não te agradeço por nada, e preferia ter passado 4 anos transando com putas e travestis a ter lhe tocado. afinal, você, pelo que sei, deu mais gostoso pra todo o bairro, se espojou com um babaca olho grande fracassado que se dizia meu amigo, e com toda a raça de coisa por aí. e, a mim, só trouxe traumas sobre sexo... que estão se dissipando, numas lindas delícias... vaca. 

por seu pai, e pela sua irmã - que me guarda saudosa lembrança- há respeito. por todo o resto não. o chão que você pisa. sua voz. a cor das tuas unhas. teus cabelos. dentes e roupas. suas frases feitas. seu tom de pele. suas medidas. gostos. gestos. risos. choros. tudo. não há uma colher pequena de respeito. 

caso você, se tem amor à vida, cruzar comigo na rua... por um segundo... e me vir: fuja. esconda-se. se quiser pagar pra ver... então tá. aposte a sorte piranha... aposte.

toma no cu, sem gozar. arrombada.

sem nenhum carinho.

sábado, 10 de novembro de 2012

16

Ai que saudade que deu,
da minha adolescência perdida.
da minha cara aturdida
do Caetano e dos Rolling Stones.
Que brigas, que desejos, que porres,
naquelas esquinas e praças
cantando as mocinhas de saias
ouvindo ramones e racionais.

Como eram estranhos os dias,
de existência confusa,
desejando os mamilos sob a blusa,
das moças boas e más.
 O amor - era estranho e distante.
O dinheiro - é distante e importante
A vida - era vida e só.
Que desejo, que tesão, que aventura
comprar playboy no rateio,
se masturbar no banheiro
de qualquer lugar.
O amor era doce e perverso,
o que mais me importava era o sexo
que ainda vem me assombrar.
O dinheiro era pouco e bem-vindo.
não havia muito comigo
que eu pudesse gastar.
A vida acontecia depressa,
eu queria amar mais que vida,
e a vida queria-me mais do que amar.
Dias longos e tontos,
de céu rosado e cinzento,
com MTV e o Guns,
Que tédio , que beleza, que juventude,
nas provas de física e filosofia,
nas noites mal dormidas e nos dias,
de uma estranha paz.
dos pães, do bilhar, e da cachaça,
o Nietzsche e o Kafka que li,
e do dia que fodi.
Que desejo, que tesão que aventura,
de tudo que de algum jeito é meu


Ai que saudade que deu,
da minha adolescência perdida.
da minha cara aturdida
do Caetano e dos Rolling Stones.
Que brigas, que desejos, que porres,
naquelas esquinas e praças
cantando as mocinhas de saias
ouvindo ramones e racionais.

ramon c.





sexta-feira, 9 de novembro de 2012

e então eu te comia. te comia mais que uma,ou duas vezes. eu te comia segurando firme em tuas coxas. eu te comia pondo partes suas em minha boca. eu te comia enquanto te ouvia.
eu te comia, e o verbo no futuro do pretérito me incomoda.
eu te como. eu como a ti.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

eu estou enlouquecendo. estou enlouquecendo. estoy aburrido. I'm crazyng. who is I? Quem é você? não me reconheço. não reconheço meu irmão, não reconheço a vírgula que veio antes. Quando fui velho, ontem serei Carlos. Quando fui Mulhomem, Homenlher. Não sei Opreçodopão. NãoseiSegostoDocirco. Não sei se significo, sesignifico.sessi.Cecilha.

sábado, 27 de outubro de 2012

as tais da califórnia.

ondas. ondas bonitas. dizem que na orla, dependendo da luz e do tom, vês-lhes douradas à beira. minha vista já passou em muitas, sempre, entretanto, mais olhando do que vendo. sei que olhar e ver são dois verbos muito similares, contudo, têm uma distinção enorme quando se trata do tom e da luz. 
ondas bonitas que não fazem barulho, mas tem cheiro e cor. são sensíveis ao toque. e eu, enquanto as toco, sou sensível às ondas. quando, de peito, de braços e abraços, mergulho nas ondas, me invade os sentidos, inunda meu corpo, meu rosto e ativa meu sexo. 
na califórnia há praias lindas.

ramon c.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012


É e há! Tem, talvez.


A literatura é um corte.
A literatura é a morte.
Há literatura na morte.
Há literatura na sorte.
A literatura é a sorte.
A literatura é um corte,
A literatura é amor.
Há literatura no amor.
Há literatura na dor,
No sabor,
No calor.
A literatura é o sabor,
É o calor, por que não?
A literatura é um pão!
Há literatura num pão!
No feijão
No estirão
Que a perna dá por conta do nervo...
A literatura é o frevo.
E mais, há literatura no frevo.
A Literatura em Pernambuco.
Há literatura de Pernambuco.
Após Pernambuco.
Pós-Pernambucana.
A literatura é a cana,
E há na cana literatura,
Tem literatura na altura.
Tem literatura no chão.
Tem literatura na mão.
A literatura é um corte.
Há literatura num corte,
Que sangra
Que inflama,
Se dana...
Há literatura na inflamação.
De garganta,
Do desejo.
A literatura é um beijo.
Há literatura num beijo.
A literatura é um corte.
Um corte desses profundos.
A literatura é um corte raso.
A literatura é um vaso.
Há literatura num vaso.
A literatura é o fim.
A literatura é o começo.
A literatura é ciência.
Há literatura na ciência.
A literatura é ansiosa.
Há literatura na paciência.
A literatura é paciência.
Reticência, reticência, reticência...

 ramon c.

sábado, 13 de outubro de 2012


mais uma sobre sexo.


sei que peguei em sua cintura e minhas mãos envolveram teu quadril como se fossem encontrar uma à outra em tuas costas. sei também que tua boca úmida enchia minha boca de saliva e amor e que sua língua me pertencia mais que a minha própria, pois estava mais dentro da minha do que da sua boca.

sei que podíamos nos tocar livremente e que os suspiros e brincadeiras tomavam os espaços e atraíam os curiosos olhares em nossa direção, que embora disfarçados, inspiravam outros casais. éramos públicos. e veja, parecia só um beijo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

um bolero nordestino, uma xícara de café e a poeira acumulada.

sabe, compadre... envelhecemos querendo ou não. pegue um cabra destes metido a ser jovem e , veja, que a pochete logo tende a denunciar o cão. nem moda, nem destino... porra nenhuma acontece nessa vida que não a certeza do fim. vêm as primeiras bronhas, as menininhas querendo dá pra você, depois... é só se fodendo, e muito, que se entende a tal história de que todo mês vem conta, vem patrão, vem. só vem. segurar com mão é que não se pode. se segura com lembrança. a lembrança é a mão mais forte que tem pra segurar coisa velha. é só na cabeça do cabra que se segura um chifre daqueles, um nome no spc, a morte de alguém. nem tente... compadre... explicar que não pelo o que eu digo e atesto: homem de mão boa é aquele que tem cabeça a maldar coisa desde o passado à data de hoje. desses é que se há de ter medo. veja só, cê nem lembra de um xingo que deu num puto, ele vem, e te pega no susto.  cê nem lembra o que do de antes vem puxar teu pé em noite nevoenta. a vida é complicada... vem velho, vem moço... difícil é controlar quem é que te vem pra te pegar na esquina. toma essa café compadre, que o frio vem e gela o copo. bebe esse café que é o que te resta.

ramon c.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

 é necessário entender que adeus e até breve são apenas sinônimos.

até breve.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012


No dia que faremos amor pela primeira vez.


Eu quero um beijo daqueles no dia que fizermos amor pela primeira vez. Eu quero ouvir Nancy Sinatra misturada aos nossos suspiros e tentativas de recuperar o fôlego.  Eu quero as tuas coxas nuas, a tua boca úmida, e toda a umidade mais, no dia que fizermos amor pela primeira vez. Eu quero aqueles mesmos movimentos da tua língua em minha língua e em minha boca e fora dela.  Eu quero a tua cintura colada à minha cintura, mais perto, mais perto, mais perto. Eu te amo. E eu quero que você me diga eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo... Eu quero as portas fechadas. Eu quero a luz semiapagada, eu quero o telefone desligado.

Eu quero a cama bem arrumada. Depois bagunçada. Depois o chão, o banheiro, a cozinha. Eu quero as minhas mãos em você e as tuas mãos em mim, e a tua língua em mim, e eu em você. Em você. Em.

 Eu quero ver teus olhos. Ver você. Sorrir enquanto lhe vejo. E quero o nosso cansaço repetidas vezes. Quero  sentir o seu gosto palmo a palmo. Centímetro a centímetro. Que gosto tem o teu pescoço? Os teus seios? O teu umbigo? O teu quadril? Será que o tesão tem gosto? No dia que fizermos amor pela primeira vez.

Tomara, esteja  frio, no dia que fizermos amor pela primeira vez. 

Ramon C.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Eu te amo.


Para os caminhos todos,
por onde, em vida, ando:
Eu te amo.
As canções todas,
por estufado o peito canto:
Eu te amo.
Pelos paços todos,
da canção que eu danço:
Eu te amo.
Para os grãos todos,
da comida que eu como:
Eu te amo.
Para as noites todas,
em que me pega o sono:
Eu te amo.
Para as manhãs todas,
que me toma o trabalho:
Eu te amo.
Para o amor todo,
que eu mesmo amo:
Eu te amo.

Ramon C.
22-08-2012
Para Ela.

domingo, 12 de agosto de 2012



Poemeto em ditongo crescente.


Entre os livros, ela corria,
Atrás da Lia...
E meu sorriso surpreendia,
Enquanto a via.
Enquanto mais eu lia,
mais me perdia,  
O que eu sou eu não seria,
Não fosse a Bia.

Ramon C.

sábado, 11 de agosto de 2012

O som doce da flauta doce.
Obs: ler em voz alta.

                Era só rígido metal dourado em forma fálica. Entretanto, em sua boca, com o toque de seus dedos acetinados pelo tingimento cor pérola nas unhas, ficava doce a flauta doce. Lia a partitura encantada, e o meu encanto, misturava ao canto oculto de tantos outros cantos de outros tantos que a admiravam embebidos, ou bêbados, balançando como marujos ao som doce, da flauta doce.
                Era eu só. Entretanto, embebido, ou bêbado, pelo encantamento dela enquanto o canto da flauta doce alcançava todo canto, era eu marujo em suave balanço de maré. Não estava só. Eu e meu acarajé quente, logo esfriamos. Frígido, frívolo, fácil. Era eu, fácil e complexo. Não tinha lugar e ninguém me procurava. Os rostos passavam por mim como repetidas claves de Sol, em Sol e em Mi, repetidos, rostos iguais a outros tantos. Era eu e só a flauta doce naquelas mãos fazia sentido enquanto o balanço dos rostos repetidos me enjoava. Atenuava o gosto e os rostos o que eu sentia. Mais era mais bom do que doía, entretanto, doía.
                - Oi, tudo bem?
                -Oi, não quero papo.
                -Oi, está barato!
                -Oi, não quero papo.
                -Oi, dou-lhe beijos.
                -Oi, não quero papo.
                -Oi, quanto tempo!
                - De melancia, não quero papo.

                Eram eles unidos. Embriagados, a maioria dançava mais do que os que estavam apenas embebidos pelo som doce da flauta doce. Pelo som em Sol, em Mi, em ti.
                Era você e só. Um amontoado de livros, umas palavras, argumentos, métricos, destoavam em silêncio da maioria. Era você crescendo, cismando, errando por um mundo não apenas teu. Eram tuas crenças, teus anseios, os teus beijos mortos. Lábio que não beija não tem razão de ser.
                Era o ser e eu. Voltei pra casa renovado.

Ramon C.
11/08/2012