sábado, 31 de maio de 2014

em matéria de trabalho: feriado
em matéria de dinheiro: só rindo
em matéria de estudo: rabisco.
em matéria de feriado: serviço
em matéria de cerveja: to indo
em matéria de matéria: existo.
em matéria dela: preciso
em matéria de amor: complico
em matéria de sexo: excito.
em matéria de carinho: assíduo
em matéria do desejo: omito
em matéria de paixão: arrisco.
em matéria de espírito: duvido
em matéria de et: eu brinco
em matéria de tv: desligo.
em matéria de correr: adio
em matéria de lhe ver: nem pisco
em matéria de morrer : há risco.
em matéria de viver: eu vivo
em matéria de protesto: assino
em matéria de chatice: evito
em matéria de burrice: irrito
em matéria de direito: exijo
em matéria de beleza: aprecio
em matéria de roupa: eu visto.
em matéria de esperança: eu crio
em matéria de frieza: distingo
em matéria de comer: domino.
em matéria de sábado: domingo
em matéria de mãos dadas: comigo.

promessas singelas
ramonchavesmaio2014


depois que eu te apresentei uma série de boas doses de mim, você, com cara lavada, me disse:
- eu amo aquele menino-homem.
dormiu com ele, e, mesmo que ele te magoasse repetidas vezes, você foi com ele, porque... algo nos astros e dos lençóis faz sentido.
e eu... fui por aí, fazendo o que eu faço de melhor:
“pensando na vida e nas mulheres que amei”.

sem título nem nada
ramoncjunho2014

quarta-feira, 21 de maio de 2014

dos astros
que circulam, orbitam, vagueiam
a imensidão do nada a quem chamamos espaço
lácteo, qualhado de astros e olhares,
a lua, discreta, mesmo diante de sua variação faseada  que serve de metáfora ao humor feminino
é, sem dúvida, a mais cordial.
se, com o sol a pino, a lua (teimosa, insistente) resolve dar uma volta,
não deixa de ser dia,
não deixa de ser claro,
não deixa de ser nada além de dia...
a lua não muda nada a sua volta,
o dia é dia,
com trânsito, discórdia. desamor.
um dia claro, com um astro teimoso em desacordo com a hora e o lugar.
como  as paixões, os amores e os amantes: em desacordo com a hora e o luar.

                        sem hora nem luar.

                        ramonchavesmaio2014

sábado, 10 de maio de 2014

este frio, à noite, é quase vinho muito velho. põe pra fora, se o cuidado é pouco, as partes mais rasas e mais fundas do desejo. os secretos que se escondem nos sorrisos de canto de boca e nas palavras, que por vermelhidão que ruborizam os rostos, são ditas apenas no por dentro.
“se você me perguntar que sim, eu sorrio dizendo sim, mas eu não digo nada”.
pensei, olhando a moça covardemente bela, naquela noite, que se ela vestisse uma lingerie de tom vermelho, ou branca ( mesmo sabendo que psicologicamente as cores simbolizam coisas diferentes) eu só entenderia braile. vi nossas mãos bailarinas em compasso, equalizadas em uma mesma estação, no frio-quente de outono que parecia vinho. que parecia febre.
“”pois são belas as coisas que fazemos pelo desejo, pelas vontades. mas, às vezes... não dá”.
e sem saber que as coisas “não dão”, as nossas mãos, pouco sábias, muito desejosas, trançavam-se. amavam-se.costavam-se.nucavam-se.cabelavam-se.beijavam-se. teu-se.minha-se.
“respira. respira fundo... que tem coisas que só respirando fundo! chega!”
que as nossas pernas eram próximas, e as nossas peles eram química. e as nossas bocas eram gemidos. e os nossos braços eram abrigo. e os nossos cabelos emaranhados. e os nossos olhos fechados. e os nossos segredos despertos. e a nossos caminhos: um.
“vira pro lado, acorda! que a vida passa e passa. as noites vêm, frias, vêm quentes e que os sonhos, unidos, às vezes não são, ou não podem ser,  ditos”

à noite, o outono da resistência.

ramonchaves2014