segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

receita para sanidade:

se for a hora de chorar: chora, porra!



ramon c: / receita/

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

no natal.

nó natal.
nona e tal.

nonó, all.

grandmother all.

God, is father!

eu comi nozes, e bebi vinho demais.


ramonc. /texto de natal e do que lhe lembra/
12-2012.

sábado, 22 de dezembro de 2012

de volta à superfície
                           


                                                    percebeu que fazia um dia lindo.





ramon c/ dia lindo/
22/12/2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Há          Há    Há    Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  



Há  Há  Há  Há  Há    Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há   Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  


Há                                                                                        Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  
Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há   Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há  Há    Há  Há  Há    

- Basta de Filosofia.


Ramon c. / basta de filosofia/ baseado na música do Caetano Veloso : ele me deu um beijo na boca.





















quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

       
"Sete mil vezes eu tornaria a viver assim
Sempre contigo transando sob as estrelas
Sempre cantando a música doce
Que o amor pedir pra eu cantar
Noite feliz, todas as coisas são belas"

Caetano Veloso, Sete mil vezes.



           umidade e calor, não dá outra: tempestade. alaga a rua, escorre volumosa a água que não poupa, é implacável, avassaladora. inevitável. tsunami. o homem se abriga na padaria onde o café é quente e o papo é solidário. os cães do lado de fora vigiam o povo que corre com o que for sobre as cabeças para poupar o minimo-máximo da água quente da primavera florida que há em são paulo.
          eu invadi os teus pensamentos, certa tarde, despindo-lhe o corpo que vestia tons terrosos e uma lingerie azul que combina com o tom da sua pele, com a atenção de uma criança que começa a ler as primeiras sílabas. concentração, interesse e o despreparo de quem acaba de perder a virgindade. quantas vezes se deixa a virgindade durante a vida? a primeira vez que nos olhamos. a primeira vez que masturbei pensando em você. a primeira vez que minha boca tocou com profundidade o copo de café que me é servido agora, enquanto a chuva engrossa do lado de fora e o clima , temperado, umidece e traz um cheiro de terra e pecado.
           onde vai dar a sua linha da vida? "morro cedo, envelhecer? me dá preguiça.", e eu pensando em teus pulsos quentes ao meu toque e a nossa virgindade indo-se alegre e quente, rumo ao oceano? talvez. rumo ao quarto fechado, a uma pequena luz acesa, que mostra a curva da linha da vida, dos teus seios e da tua cintura presa às minhas mãos, coladas à minha boca, junto da atenção das minhas orelhas. língua. todas as palavras são belas. mas você põe significado em tudo. 
           - é... não para essa chuva, esse calor...
           - toma mais um café?
           - sim.
          de Cristo a Lacan, da linha longa à linha curta: há pecado. há desejo. você me traz o mundo. eu te prometo beijos. 
           - parou de chover...
           - por hoje. aposto que ainda virão furacões. 
           dizem estar próximo o final do mundo.




ramon c. / todas as coisas são belas/
19-12
         

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

psycho - Clara Averbuck


Baby, you're driving me crazy
I said baby, you're driving me crazy
The way you turn me on
then you shot me down
well, tell me baby
am I justyourclown?
-THESONICS

Eu era uma escritora bêbada, perdida em uma cidade enorme e sem nenhum lugar decente. Saudosista do rock de ontem e amante do rock de hoje que soa como o de ontem. Um livro publicado, nenhum di­nheiro no bolso. Alguns frilas me salvavam, as contas dos bares au­mentavam, os amigos emprestavam dinheiro quando podiam. Mamãe e papai, coitados, falidos e fodidos, ajudavam quando podiam. Sem amor e com poucos amigos, me restaram as minhas droguinhas con­troladas pelo Doutor Fajuto, que não controlava porra nenhuma além de sua própria conta bancária; desde que você pagasse a consulta, es­tava tudo certo. 0 convênio pagava, então ele me mantinha feliz com as minhas receitas azuis. Sem amor. Quase murchando.
Então eu me apaixonei.

Só poderia mesmo me apaixonar pelo dono de um bar. Se bem que me apaixonaria de qualquer jeito, fosse ele um geólogo ou um advogado ou um torneiro mecânico. Mas era dono de um bar, e lá estava ele sentado no sofá, debaixo de uma garota, em cima de uma poltrona. A odiei . A garota, não a poltrona. Quis que morresse, que sumisse. Tinha cara de burra. Feia. Boba. Chata. Namorada. Ignorei. Fingi que ela não existia e puxei papo. Em dois minutos eu estava apaixonada. Ela saiu e o papo engatou até o ponto em que ele dis­se "parei, deixa eu parar com isso", todo perturbado. E eu soube que era ele. E era mesmo. No dia seguinte ela não estava lá e foi lindo, foi como voltar para casa depois da guerra, como uma janela aber­ta na minha alma claustrofóbica, nós dois girando no meio dos dis­cos, nós dois grudados, nós dois um. Então ele estragou a minha noite falando que era devotado à namorada. Devotado. Apagaram a luz, fecharam a porta. Devoção. Eu também já fui devotada, mas pelos motivos certos. E pela pessoa errada. Fui embora a pé, sozi­nha, falando sozinha na rua de manhã. Sozinha. Bêbada. Quase sem memória.
Merda, merda. Quero lembrar. Quero saber tudo, mas não sei. Quero pisar na cara da sensação de ridículo. Sumir esse gosto da boca. Me encher de tabefes pra ver se eu paro com essa merda toda. Um creminho, sabe, pra tirar a maquiagem borrada. Como uma coisinha tão pequena pode me derrubar com tanta força? Bolinhas no chão, no meio do caminho, blam. Ploft. Olha lá a mina estirada no chão, toda fodida, sentada na porta do metrô. Chutem o rabo dela por mim.
Ah, foda-se.
Focof.
Não fala antes de saber, não comenta antes de ler, não seja espertinho comigo, querido. Não comigo.
Olha a mina caminhando de manhã na rua, bem pequenininha, todo mundo olhando. Olha a cara dela, aquela cara de idiota. Olha amina se perdendo no metrô, oh, a grande & assustadora mina com um metro e meio de altura e diminuindo, diminuindo, cabendo no bolso de alguém. Indo pra casa sozinha no meio de todos aqueles prédios tagarelas e daquelas pessoas de gravata. Dando telefonemas absolu­tamente patéticos para sua única amiga, tentando achar um lugar macio pra deitar. Olha, olha, olha ela sem dinheiro de novo, toda fodida. Que maldição. Meu avô disse que o amor é um cão do inferno, Arturo disse que o amor é feio, que é uma cicatríz na palma da nossa mão. Arturo, como eu queria que você estivesse errado. Que o amor fosse bonito e construísse casinhas e famílias e tudo. Damn, damn, damn. Olha a cicatríz na palma da minha mão sangrando de novo. Olha a mina, que babaca, ainda acreditando em alguma coisa. Ela não aprende, não quer aprender, recusa-se. Ela também não sofre de pena e autoco miseração inúteis, não se perde nessas coisas. Mas se perde o tempo todo porque escolhe se perder. Olha o sol cegando a noite, dor nos pés, a mina falando sozinha e andando sozinha e indo para lugar ne­nhum. Mas ela vai, ela caminha porque não consegue ficar parada. As bolinhas voltaram junto com o enjôo de manhã. As coisas voltam o tempo todo, será que estou andando em círculos? Nesse caso, melhor seria ficar parada. Quietinha. Sem respirar. Mas eu não consigo. Corre, corre, vai, rápido. Corre pra chegar logo em lugar algum.
Correndo, correndo, voltei ao bar na noite segunda, no cantinho com meus amigos, bem longe, era um lugar público, não era? Eu poderia ir lá se quisesse, mesmo que ele fosse devotado, aquele filho da puta que afagou meu coração pra me mandar embora. No fim da noite, fui pagar a conta e ganhei um beijo de troco, assim, sem aviso, por cima do balcão, como um tapa pela minha ousadia de aparecer lá. Só um beijo e lá estava eu sozinha de novo, indo embora sozinha, de novo sozinha, a louca. Bêbada de novo, cheia de bolinhas na ca­beça. Cansada dessa história, sempre a mesma coisa, sempre a mes­ma rejeição. Sempre trocada.
Já me sentindo um caroço morto no canto do prato, atendo a porta de casa e lá está ele sorrindo o sorriso mais lindo do mundo, aqueles olhos, ai meu deus aqueles olhos dele. Ficamos bêbados e ele me deu um tapa na cara. "Sua filha da puta. Você é minha. Minha, entendeu? Minha!" Entendi. Fomos para o bar, ligamos a jukebox e ficamos lá no sofá de zebrinha escutando Sonics. Oh baby, you're driving me crazy. Estávamos ficando loucos, os dois. Ele por causa de mim, eu por causa dele, nós dois por causa da namorada. Uma na­morada de seis anos não se larga assim. Eu discordava, foda-se a sua namorada, foda-se tudo, vamos fugir daqui. Nós bebíamos demais e brigávamos, rolávamos pelo chão e acabávamos trepando. A síndica reclamava. Cartas chegavam reclamando do barulho. Os dias passan­do, o telefone tocando e ele finalmente contando tudo para a na­morada. Lágrimas, escândalo. Queria conversar comigo e me dizer "umas poucas e boas". 0 quê, exatamente? Deveria me desculpar por amar o namorado dela? Deveria me sentir culpada? Não desculpe, eu não sou assim, eu vou lá e pego, porque ele era meu, ele nasceu para mim, me desculpe, você está sentada no meu lugar, garota. Ele chorava e dizia que não queria fazer ninguém sofrer. Eu olhava e queria chorar também, porque todo mundo estava sofrendo demais e tudo era horrível e lindo. Ele dormia comigo e saía correndo de manhã, morrendo de culpa.
Até que um dia ele ficou. Quatro , cinco da tarde de segunda-feira. Ele ficou. 0 dia inteiro enroscado nos lençóis comigo, a noite inteira e mais uma manhã. Foi ficando. Voltava todos os dias. Nunca mais foi embora. Agora ele está ali, deitado na cama, na nossa casa, cui­dando da nossa filha enquanto os ônibus e a vida passam. E a síndica parou de reclamar.

psycho - Clara Averbuck - todos os créditos.




ando meio com dores no estômago/acho que foi algo que comi/ou foi o macarrão do tio jerônimo/ou foi o amor que me meti.





ramon c. / paixão no estômago/
18-12-2012

O que mais AMO

                       é a PALAVRA

não fosse ELA

não AMARia
mais NADA.

Ramon C. /a palavra/
18-12-2012

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012



nos bares de pinheiros?
nos botecos da augusta?
nas esquinas da vila madalena?
ou nos braços das putas?

ramon c./ haikai do (in) contro/
17-12-2012
eu preciso de um licor pra pôr as ideias nos eixos.
eu preciso de uns beijos.
e uns beijos teus.

                                         eu preciso de amor pra estar em estado normal.
                                         eu preciso de sexo oral.
                                         e uns beijos teus.

eu preciso de equilíbrio, encontrar o meu meio.
eu preciso dos teus seios.
e uns beijos teus.

                                                                                                       eu preciso ouvir mais cantoras roucas.
                                                                                                       eu preciso das tuas coxas
                                                                                                       e uns beijos teus.
  
eu preciso aprender a surfar.
eu preciso te masturbar
e uns beijos teus.

                                                                 eu preciso comprar alguns livros.
                                                                 eu preciso tomar um café contigo.
                                                                 e uns beijos teus.                    

ramon c/ desocupada ela me chama para tomar um café/
17-12-2012                                                                                     
quadra de um desejo estranho.

olha os meu defeitos
e não me procura mais
eu não tenho grandes feitos
não te daria paz

procura em mim qualquer beleza
é feiura que encontra
não acumulei alguma riqueza
não ganhei prêmio de honra

nunca viajei pra longe
pouco do que digo é plágio
no perigo sou o que foge
não conheço nem o básico

muito do que penso é sexo
pouco do que lembro é tolo
nunca tive grande êxito
muitos me associam a roubo

por isso não me olhe mais
pegue sua roupa e vista
vá e não olhe pra trás.
vá, por favor, não insista

se ficar aqui, pensa bem,
não te dou garantia de nada
mas terá meu corpo sagrado: amém
e minha alma profana : a ti dada.

ramon .c .

sábado, 15 de dezembro de 2012

a doutora veio com ar sereno e preocupado : pode começar a falar como se sente, do que gostaria.


ele respondeu: eu queria fazer amor umas oito vezes sem parar. e é só nisso que eu consigo pensar tem um tempo.

a doutora deu-lhe alta e foram juntos tomar um vinho.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


Não espere de mim esse olhar desatento,
Que não te despe o corpo,
Que não te beija a nuca,
Que não te deseja nua.
Não espere de mim o olhar que não te abraça forte,
Que não te beija úmido,
Que não te segura
Que não te quer nua.
Meu olhar é o desejo.
Do pecado desprezado.
do poema secreto.
Meu olhar em ti pesado,
Para ti é feito...
Discreto.

Ramon c. /sem título/

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

       
         esse texto leva um segundo.
        senti medo de ser tão penetrado em meu íntimo que desviei o olhar. naquele segundo que ultrapassa a tênue linha entre o o confortável e o íntimo. desviei o olho. 
        os deuses da loucura, talvez, quiçá, expliquem bem o que há em mim por dentro. ela... ela se despe em sincronismo lento , ora para testar meu sexo. ora para testar a sua sexualidade. 
       "Quase feminino, você me vê..." esse texto tem um tom suave do não sei. não sei porque antes de saber desviei o olho. e nos olhos dela, nos gestos dela e no cheiro que involuntariamente saía de sua pele, que, por um segundo, ou quase, descobri o íntimo dela quando ela olhava o meu. há no pronome possessivo 'meu' um eu que diz de mim... o 'm' é de 'mulher'. 
a palavra mulher tem "l". esse élê que faz a língua trepar com o céu da boca. muLLLherr... eu repeti segurando o élê. 
      voltei e o olho dela também se tinha desviado. para a maternidade. para os panos de prato. não sei que raios faz em esse batom vermelho nos lábios dela. LLLLábios, vermeLLLhooosss. não sei, porque eu desviei o olho. por um segundo. nunca fomos. vestiu-se rapidamente. era a comportada. a sacra. a casta. eu fiquei de pau duro não sei quanto tempo. puni-me, mas não achei pecado. um segundo estivemos despidos, olhando-nos. puros de mundo. o mudo não existe nas frações de segundo.

Ramonc.