quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ela andou e o chão cooperou com os passos, ficou agradecido depois pelas pegadas feitas na poeira esquecida no solo. O vento, então, mediu seus cílios, os contou, e ria quando ela piscava, e fazia cócegas no vento que por  brincadeira fez um  furacão no norte de um país, que fica ao norte de outro, no hemisfério norte de nosso planeta. O batom, de tom suave, esperava ansioso, enquanto repousava na prateleira, pelo beijo dela. O pente não aguentava mais: queria a mão firme-suave em sua aste e suas cerdas a roçar com força a cabeleira meio ondulada, meio filme americano dos anos 50 em que, às vezes, aparecia uma selvagem loira que tinha os cabelos daquele jeito.   Os pães desejavam os dentes dela, desejavam a língua e a saliva, a garganta aos poucos, aos poucos. Queriam ser devorados. Queriam nutri-la. Os braços, enquanto ela andava, faziam desenhos no tempo; eram pequenos riscos que ficavam marcados não apenas no tempo, mas em quem observava o trajeto. Quem a via pensava em trilha sonora: Beatles, Marisa Monte, Novos Baianos ( o mistério do planeta), Caetano, muito Caetano e Los Hermanos. O particípio, gerúndio, infinitivo concordavam com o mesmo objeto, sem deixar de ser o que são: nomes! Adjetivos não existiam, tampouco advérbios, eram todos um único e lindo sintagma nominal. Os olhos dos moços acompanharam os passo, e o universo novo que se formava à sua roda passo ante passo, os meninos pensavam em se masturbar, os homens queriam ( mas não podiam) casar-se ou largar as atuais namoradas e cônjuges, as mulheres, desdem ou inveja, amizade com admiração nos casos, poucos, mais raros. Os músicos compunham, os poetas escreviam. E ela, passo ante passo, vivia. E disse para mim, de doida e geniosa: Eu te amo. 
-Até onde eu posso ir?
Posso segurar firmemente sua cintura enquanto te beijo? Posso? Posso escorrer minha mão por suas costas até chegar à sua  nuca e puxar seu rosto mais próximo da minha língua? Posso  pôr as minhas pernas entre as suas pernas, e movimentar minha cintura como água de mar em dia com pouco vento? Posso escorrer minha boca pelo seu pescoço até seu colo e desabotoar seu sutiã? Posso dar leves mordidas em sua barriga, e ouvir o zíper de sua calça, enquanto eu tiro minha camisa e sussurro : EEeeeEEEeeeeuuuUUU TttTTEeeeeEE AaaaAaMMmmoooOO ? Eu posso ir além de nós em meu avesso e parecermos um, apenas um, em luz tênue? Se não puder com você, imagino, sozinho no quarto, depois de uma dose a mais de cachaça.

domingo, 24 de junho de 2012

Estou impressionado como você leva essa situação. Como não se abala e se mantém assim, com essa cara  elegante e calma. Estou impressionado com o potencial que você tem em admitir : sim gosto dele.  Estou encantado. Na verdade eu fico intrigadíssimo com o fato de que você é quem me acalma e não o contrário, e como você consegue terminar minhas frases. Estou surpreso com a história de que " eu confio em você" e mais, você confia em mim. Você me pergunta uma coisa, que para qualquer outro ponderaria e pra você: eu falo, falo, falo. 
É estranho esse negócio de que está tudo bem, a gente nem andou de mãos dadas ainda e planejamos como será a educação dos nossos filhos, nem fomos à esquina e estamos na  Lua. É muito esquisito o fato de nossas alianças nem terem sido compradas e as pessoas virem até mim e perguntarem a seu respeito, e mais esquisito ainda é você dizer que isso também acontece com você. Como é maluco. 
É muito maluca a história de que tudo se encaixa como um caleidoscópio de sinais divinos, e de como você e eu enxergamos esses sinais, e quando eu penso em falar " você percebeu que ..." você termina a frase pra mim. Quando eu olho, você já está olhando. Quando eu ouço você já dá opiniões... Quando falo de um tal Saussure você me vem com uma folha impressa cheia de grifos porque além de saber quem é Saussure, você já o estudou e viu que é ultrapassado nas novas teorias do texto. 
É muito doido tudo, parece que estamos bêbados um do outro, o tempo todo em união, o tempo todo juntos, o tempo inteiro amando e amando, amando. Somos gêmeos, somos irmãos, somos amantes, somos namorados, somos um.  Não tem história nova, não há: estávamos juntos desde quando: faz um mês, dois, um dia? faz sete anos? Não sei, não dá pra saber... Estamos loucamente embebecidos um noutro: e você está aí, com essa cara calma como se não se preocupasse com o fato de eu dizer: eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo...


Ramon C.

sábado, 23 de junho de 2012


Poema para Letícia.

É que eu decidi ser claro para variar
e dizer, Letícia: te amo.
Decidi dizer que eu quero fazer amor
Com você e eu espero: por anos.
Decidi não fugir porra nenhuma
E dizer que esses nós que atamos,
São um princípio Letícia,
De um amor maior do que pensamos.
Que se dane todo o resto,
Porque não há volta de onde estamos.
Se por ventura, alguém me perguntar:
"Você e a Letícia?" Eu respondo: namoramos.
É que tudo veio dum  susto Letícia,
e eu digo: te amo.


Ramon C.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Nós ou a primeira vez que fizemos amor sem nos tocar.

Secretamente tua cintura me diz coisas, eloquente. E seus cabelos, aposto que sabe as histórias loucas que me contaram sobre os meus dedos, quando , em obscenos nós, enlaçaram-se neles. Tua boca, em silêncio me sorri, e o sorriso mostra a língua, ela sem idioma diz "vem?". Teu andar pausado deixa um suave caminho que em mim lembra um labirinto que sempre me guia mais para dentro, mais ao avesso, mais prum espelho antigo onde me exergo. Minha imagem tem você do lado. Tuas mãos foram feitas senão para o meu corpo, para tocar meu corpo, para que meu corpo esteja nelas, e nossos corpos estejam em harmonia simbiótica. Teus olhos são os meus maiores inimigos: sempre a me desafiar, sempre a me provocar, sempre a dizer : você quer, mas você não pode. Se os pego em mim, inflamo. Meu corpo reage ao teu como numa dança, que, de tão natural, parece ter sido coreografada por meses. Por anos. Por vidas. Comunica-nos-mo sem idioma, sem palavra. Basta-nos-mo  o corpo. A alma. A luz está apagada, o filme foi para o ralo, mas infelizmente há barulho na sala. Por enquanto.


Ramon.

Era um bom sonho...
Casa vazia, pizza, vinho, filme, nós: segredo.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Percebi que Clarice e Kafka têm tudo em comum. Que quando escrevo sobre comida é porque estou apaixonado. Que eu preciso de um novo emprego, mesmo gostando do meu emprego atual. Que preciso me esforçar mais nos estudos. Que eu tenho preguiça de gente chata. Que eu tenho preguiça de gente preconceituosa. Que gosto de óculos espalhafatosos. Que gosto de meias coloridas. Que amo Jazz, e isso não me faz jazista, gosto de rock e isso não me faz roqueiro, que eu gosto de rap e isso não me faz um rapper. Que eu não tenho paciência pra explicar porquê as pessoas não devem ser preconceituosas. Que eu tenho acessos de raiva. Que trabalho melhor de madrugada. Que amo falar palavrão. Que eu fico bravo quando não me pagam. Que eu deveria treinar minha concentração. Que eu achei a aula da professora Regina Célia do caralho. Que o professor Jarbas é o mais foda. Que eu estava precisando falar de mim. Que hoje eu queria companhia , feminina, pra fazer amor, e amor, mas antes conversarmos sobre o saco que foi o dia de hoje, e não porque foi um dia ruim, mas porque eu estou insatisfeito e inseguro. Que eu estou com saudade da segurança que Ele me dava ( que Deus o tenha). Que eu gosto muito do meu tênis vermelho. Que preciso de mais umas três camisetas polo e talvez algumas camisas. Que eu não me conformo que aquele café favorito da PUC fechou. Que estou com saudades dos biscoites de polvilho que a minha avó fazia. Que reclamar é divino, que Deus não me ouça. Que eu tomaria a garrafa inteira de café. Que se eu não aprender inglês e francês com fluência em dois anos, no máximo, eu farei jejum de alguma coisa. Que minha mãe acha que a Madonna só mostra os seis. Que os textos que eu escrevo só têm cabimento na minha cabeça. Que eu prefiro ponto à vírgulas. Que eu não entendo direito o que o Rodrigo Amarante canta na música nova do Los Hermanos " um milhão" então eu fico murmurando qualquer coisa pra tentar acompanhá-lo. Que eu preciso ter ânimo pra coisas simples e criar responsabilidade. Que eu viajo muito. Que esse texto é o texto íntimo nº3.

sábado, 9 de junho de 2012

Desculpas mas eu não posso deixar de rir ou Texto íntimo nº2.

     O que nós éramos? Eu não esquecerei nem por decreto, afinal de contas doeu muito pôr as cartas na mesa e ver que todos, inclusive minha parceira, estavam com um jogo melhor que o meu prontos a dar um "zap" bem dado, e eu, de tolo, pedi doze sem receio.  Tudo que era meu virou motivo de chacota. Tudo que era eu, era demais ou pouco, e já não era homem na cama para sanar  contas aos teus recados. Eu era feio, tolo, e não me vestia bem. Bobo aos olhos dos outros, ingênuo às maldades mundanas: - Um moleirão! E era estapafúrdia minha vocação ao fracasso, à infantilidade, ao menor, e ao pobre. 
     Não existia um terço que se aproveitasse. Absolutamente. Parecia o lado pior do teu pai. Lembrava o que de pior sua mãe havia ensinado a odiar. Péssimo gosto musical. Nunca pisei em terra Santa, não agradecia aos santos certos, e sempre, sempre, metia os pés pelas mãos. Só fazia coisa proveitosa diante de instrução de gente mais inteligente, em meu caso, toda a gente. 
     Não tomava atitude, sempre alguém havia de me pegar pela mão... A austeridade de uma toupeira seria mais sexy. E por falar em sexualidade, não sabia meter, nem gozar, nem fazer gozar. Um chato. Sem talento nenhum para ganhar dinheiro, quem , ao meu lado, poderia ser feliz? Foi você, não foi, correr atrás da felicidade com discursos de : - Eu tenho direito!? 
     Pôs em mim cornos mais adequados a alces canadenses, jogou meu nome na lama, pisou em cima. Afinal de contas: o que eu era? Um nada! Era feito para duas coisas : humilhar com intolerância justificada pela minha alta capacidade de ser "infiel"  e para pôr cornos tais quaisquer animais que pastam ou que viram churrasco. 
    Eu, acreditei que era imundo, sujo, traidor. Metido com mulheres devassas, feio e sem prestígio, e por isso abaixava a "cara", jumento que era, e ficava em mantra sibilante: simSenhorasimSenhorasimSenhora! 
      Pensei que a morte daria um fim interessante ao nosso caso. Primeiro a sua: atropelamento, veneno, um tiro com grosso calibre  de arma vagabunda. Depois do meu tão amado patrício, velho de guerra, aquele que com o olhar de prestígio lacaniano me disse: ela esfregou a buceta na minha cara, o que eu iria fazer? Pensei em : atropelamento, veneno, um tiro com grosso calibre  de arma vagabunda. Depois na minha, um trouxa, enganado, e otário, que se deixou enganar por gente perversa, e que fui mais perverso por aceitar adjetivos e mais adjetivos respeitando o altruísmo cristão e, por isso, não lhe mandei ver navios, pensei em :veneno, arma de grosso calibre, ou me jogar na frente de um carro.
    Você que se foi sem dar tchau, que rompeu com qualquer contato, que sequer pensou uma primeira vez se deveria ou não pôr outro no meio de vossas tão curtas pernas, imagina-se digna de falar a palavra "saudade". 
     Perdão, mas eu não posso deixar de rir.
Ai você ficou em casa e preparou o jantar. Eu cheguei e não quis acreditar que o que eu mais esperava não era o cheiro de comida de minha mãe. Mas o cheiro de amor de minha mulher, tempero e afeto. Você preparou o jantar e eu quis mais que tudo comer e conversar contigo. A mesa estava posta, linda. Nada além dos nossos dois pratos. Nada além dos nossos talheres, e copos. Nossos guardanapos. Da rua eu senti o cheiro de nossa casa, meio imaginária, meio pronta, e não pude conceber que , sozinhos, longe dos olhares curiosos, tínhamos construído um lar estranhamente sólido e surpreendente. Eu te beijei. Eu te beijei. Eu te beijei. Não falávamos, estranho como tinha um atraso entre nossas falas, nós não falamos. Mas éramos mais profundos que todos em volta, se houvesse uma multidão não nos veriam tão profundo fomos. Tão longe, tão em nós mesmos. Eu te beijei, te beijei, beijei. Você retribuiu. Não é demais lhe dizer o quanto lhe quis mais, mas é desnecessário. Você sabe... afinal, eu te beijava, beijava, e beijava... e você me beijava, beijava, beijava. Enquanto nos aquecíamos do frio, a comida, sozinha, olhava enquanto comíamos. 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Poema sintático.


Amo ser objeto direto e indireto, nos verbos transitivos dela.


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quinta-feira, 7 de junho de 2012

empirismo pré Comteano.

Sei que é velho, pois a vejo jovem.
Sei que é nietzscheano, porque a vejo religiosa.
Sei que é amoral, porque a vejo moralista.
Sei que escreve, porque  a vejo  lendo.
Sei que gosta de rock, porque a vejo ouvir músicas calmas.
Sei que é horrível, pois a vejo perfeita.
Sei não poder, pois a vejo poder.
Sei que o tempo é passado, pois a vejo prum tempo futuro.
Sei que eles não se encontram, porque o mundo caminha em direções opostas.
Sei que talvez seja o último, porque me lembro bem do primeiro.
Sei o que é dor, porque já senti e ela não.
Sei o que é desilusão pelos mesmos motivos anteriores.
Sei o que é pecado, porque eu peco e pronto.
Sei o que é despedida, porque sei o que é encontro, sei do contrário pelos opostos.
Sei o que é ser bom, porque não sou à ela.
Sei o que se deve fazer, porque isso me pesa nos ombros.
Sei que existo, pois a vejo existir.
Sei quem eu sou, por ela.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Um blues pra ele ou Texto íntimo nº2.

Nos últimos tempos você  olhou com desprezo e disse: - Por que você não pega os teus livros e vai estudar? Isso te acalma, não é Amor? Senti-me tão mal. Mas não era o Eu que você gostava? Não era o Eu que se afundava nos livros mais que todo mundo que era o mais charmoso do que Ele? Eles? Ela? Eu não era mais nada. 
Você sentou/deitou no sofá e disse: - estou muito insatisfeita! Era Eu. Eu era ali a insatisfação, o que eu fiz de errado? Eu te quis tanto. Senti-me fraco, menosprezado. Feio. Feio e sem lugar. Tive vergonha. Você pediu pra ir, pediu pra ir e chorou, chorou enquanto rolava uma música. 


        Vendo meu corpo. Meu corpo com tudo que venha nele. Incluo cérebro, mãos, pés. Língua, saliva, abraços, e mais abraços. Dou beijos, pego na bunda, aguento três em dias bons, em dias ruins viro e deito. Dias ruins são mais comuns que dias bons, mas dias bons existem. Já houve dias excelentes, mas de tão raros não incluo em pacotes, pois estamos em época de promoção.  Há poucas restrições para o contrato, mas podemos conversar para acordar todos os tramites. A única coisa que não incluo é o coração... Sem querer dei-o e não querem por nada devolver. Estamos agilizando os processos para reaver o tal. 

foto de Simone Huck.
         Tenho pensando muito nela, em fazer uma tatuagem, ir ao Peru e à Argentina, fazer um curso de marcenaria, aprender inglês pra valer, e francês com fluência incrível, em juntar grana e comprar um apartamento porque deu na telha casar, mas tô com medo de assustá-la, de comprar um lenço vermelho para pôr no pescoço do meu cachorro, prestar vestibular para filosofia, fazer pão bem quietinho para comer com manteiga de garrafa, ter em casa aquela cachaça maravilhosa envelhecida em barris de carvalho, pagar o preço que for pelo álbum racional do Tim Maia, ver um show dum cara chamado Cícero, dar uma cantada na Tiê só de brincadeira, comprar camisas pólo multicoloridas, azul, vermelha, preta, amarela, roxa, rosa, todas as cores, e pedir ajuda ao vendedor pra que eu não levasse nenhuma repetida, comer bolachas traquinas até enjoar igual quando eu era criança e assistia um programa chamado glub glub, ir ao parque e discutir Caetano e Saussure ( como você conhece Saussure?) , ouvir bons violões, ver todos os filmes do Almodôvar, ter dois ou três filhos, ter uma calça jeans nova, tomar todo o café da garrafa, dormir no horário, acordar mais cedo, ver você sorrir, construir uma casa sozinho, e fazer os móveis afinal eu já teria feito o curso de marcenaria, ficar num sofá num dia frio desses.



Quando eu tinha uns seis anos, queria porque queria escrever : eu gosto de pizza. escrevi na inocência " eu gosto de pitisa", meu irmão, ídolo mais velho e responsável pelo meu letramento, vei e disse-me: "não se escreve assim menino", perguntei então como seria, ele com a caligrafia maravilhosa que tem até hoje pôs no papel :



pizza

Eu queria muito escrever pizza porque precisava dizer o quanto eu gostava de comer pizza, assim, quem sabe ganharia uma, comeria-a e quem sabe até, gostaria muito mais de pizza. O nome com dois "zz", foi novo, revelador, foi lindo. Era novo. Caramba, quem teve essa ideia de interessante de por no som de duas letas "z" o som do "t"? Deve ser, pensei na época, porque pizza é tão bom que para marcar a importância do alimento, escreve-se seu nome com uma grafia nova, mais importante... Não pensei na relação de estrangeiro, nada. Tampouco, questionei se fazia sentido ou não, simplesmente tornei ao papel inicial e escrevi:
                                             
Eu não me lembro se ganhei a pizza, sei que fiquei feliz por ter escrito isso. Queria te contar essa história, tão minha, pra ver se você vê que suas dificuldades são tão doces para mim, tanto quanto aprender a escrever pizza. Outro dia eu te conto da primeira pizza que comprei com meu dinheiro. 

terça-feira, 5 de junho de 2012


Daí beijamo-nos. Beijamo-nos um beijo tranquilo e sossegado sem grandes atribuições. Não era o beijo mais apaixonado que já demos. Nem o primeiro, que fora bom, ficara em nossos corações e em nossas mentes. Não fora o último de nossos beijos, pois nos beijaríamos muitas vezes mais. Beijamo-nos porque quisemos. As pessoas viram nosso beijo e não notaram. Não foi um beijo raro. Foi um beijo como tantos outros beijos parcimoniosamente apaixonados de tantos outros casais comuns. Talvez o beijo sem pretensão para além de ser beijo provocasse em alguns, poucos, certa inveja, pois o gesto, que não era agressivo, trazia candura, paz e calma. Um beijo com a mão na cintura, e no rosto, e nos ombros. Um beijo próximo, suave, calmo de pouca saliva. Era um beijo permitido, um beijo namorado, sem barulho, bem-vindo. Um beijo com sorriso antes, e olhos nos olhos. Um beijo de felicidade da certeza de muitos beijos irmãos e irmãs, mais velhos e mais novos daquele beijo. Um beijo que não se explica pelo verbo: beijar, mas pelo verbo amar. Um beijo de quem se tornará família um dia. Um beijo de quem come a hóstia. Abençoado, bendito, intenso não digo, prefiro sincero. Um beijo de quem beija com desejo guardado para a noite, ou para qualquer outra ocasião, um beijo puro e sensível, um beijo de namorados.
 E eles estão ali, logo a frente, ainda beijando-se e beijando-se, beijando-se e beijando-se...

segunda-feira, 4 de junho de 2012













































































































































































esperar dói.






























































































































































.fala comigo.
















































































































































































































































nesse vazio não vivo.




































































































































































































































































































































































































































































































































































dói. estar sozinho dói.










































































































































































































































































































































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