segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

       
         esse texto leva um segundo.
        senti medo de ser tão penetrado em meu íntimo que desviei o olhar. naquele segundo que ultrapassa a tênue linha entre o o confortável e o íntimo. desviei o olho. 
        os deuses da loucura, talvez, quiçá, expliquem bem o que há em mim por dentro. ela... ela se despe em sincronismo lento , ora para testar meu sexo. ora para testar a sua sexualidade. 
       "Quase feminino, você me vê..." esse texto tem um tom suave do não sei. não sei porque antes de saber desviei o olho. e nos olhos dela, nos gestos dela e no cheiro que involuntariamente saía de sua pele, que, por um segundo, ou quase, descobri o íntimo dela quando ela olhava o meu. há no pronome possessivo 'meu' um eu que diz de mim... o 'm' é de 'mulher'. 
a palavra mulher tem "l". esse élê que faz a língua trepar com o céu da boca. muLLLherr... eu repeti segurando o élê. 
      voltei e o olho dela também se tinha desviado. para a maternidade. para os panos de prato. não sei que raios faz em esse batom vermelho nos lábios dela. LLLLábios, vermeLLLhooosss. não sei, porque eu desviei o olho. por um segundo. nunca fomos. vestiu-se rapidamente. era a comportada. a sacra. a casta. eu fiquei de pau duro não sei quanto tempo. puni-me, mas não achei pecado. um segundo estivemos despidos, olhando-nos. puros de mundo. o mudo não existe nas frações de segundo.

Ramonc.
      

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