quinta-feira, 14 de março de 2013


freud disse que é preciso ter um pai.  sou um assassino de figuras paternas. matei, ao longo dos meus curtos anos vividos, uma centena de figuras paternas que, eu garanto, mais me atravancaram o crescimento do que sustentaram os deslizes.

primeiro, foi o macho fecundador. esse não matei. suicidou. foi-se. não sei dele. meu irmão, dez anos mais velho. matei sua figura paterna metida a besta quando sua idade e a minha não era mais ensejo para que eu, por arbitrariedade, lavasse a louça. meu padrasto. esse foi duro, veio rígido veio imbuído de um pai maior. foi então um genocídio.   matei pais grandes, pais pequenos, uns namorados da minha mãe. sempre me dei como filho, mas nunca fui concebido como, daí... matava a figura opressora e sem vergonha macha que , por pedantismo do acaso, aparecia.

matei padeiros, machões , gays, e até mulheres. pais de amigos meus, colegas, padres, orientadores.
Freud disse: é preciso matar a figura paterna. sou, o que poderíamos chamar , profissional.

ramonc. / o pai que se foda./
março – 2013.

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