freud disse que é
preciso ter um pai. sou um assassino de
figuras paternas. matei, ao longo dos meus curtos anos vividos, uma centena de
figuras paternas que, eu garanto, mais me atravancaram o crescimento do que
sustentaram os deslizes.
primeiro, foi o macho
fecundador. esse não matei. suicidou. foi-se. não sei dele. meu irmão, dez anos
mais velho. matei sua figura paterna metida a besta quando sua idade e a minha
não era mais ensejo para que eu, por arbitrariedade, lavasse a louça. meu padrasto.
esse foi duro, veio rígido veio imbuído de um pai maior. foi então um
genocídio. matei pais grandes, pais
pequenos, uns namorados da minha mãe. sempre me dei como filho, mas nunca fui
concebido como, daí... matava a figura opressora e sem vergonha macha que , por
pedantismo do acaso, aparecia.
matei padeiros, machões
, gays, e até mulheres. pais de amigos meus, colegas, padres, orientadores.
Freud disse: é preciso
matar a figura paterna. sou, o que poderíamos chamar , profissional.
ramonc. / o pai que se
foda./
março – 2013.
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