sábado, 27 de julho de 2013

à noite, já cansada de ser quem era, despiu-se .
foi ao banheiro e retirou a maquiagem à guerra, à guerra que há lá fora. desnecessária maquiagem. tirou a blusa e ficou com o sutiã  que não servia para o seu serviço, aliás, muito mais escondia a juventude da pouca idade. olhou-se sem pensar e tirou os sapatos, a saia. já nua, despiu-se dos mil trabalhos bem planejados por outros, dos mil e um trampos da facu. tirou de si a piscadela inconveniente e as trinta buzinadas de homens mal educados que ficaram felizes por lhe ver.
tirou um a um os conselhos maternos, paternos, fraternos, divinos e da Laura Müller.  despiu-se do espelho, do falo, da Vênus que misteriosamente e inescrupulosamente beija uma mulher bonita.
despiu-se tanto e de tal modo que, de certa forma, e em certo ponto, chegou a ser exatamente , e sem sombra de dúvida, ela mesma.
aí, então, ela se apaixonou.

antes das histórias de amor.
ramonc/julho-2013.

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