à noite, já cansada de ser quem
era, despiu-se .
foi ao banheiro e retirou a
maquiagem à guerra, à guerra que há lá fora. desnecessária maquiagem. tirou a
blusa e ficou com o sutiã que não servia
para o seu serviço, aliás, muito mais escondia a juventude da pouca idade.
olhou-se sem pensar e tirou os sapatos, a saia. já nua, despiu-se dos mil
trabalhos bem planejados por outros, dos mil e um trampos da facu. tirou de si
a piscadela inconveniente e as trinta buzinadas de homens mal educados que
ficaram felizes por lhe ver.
tirou um a um os conselhos
maternos, paternos, fraternos, divinos e da Laura Müller. despiu-se do espelho, do falo, da Vênus que
misteriosamente e inescrupulosamente beija uma mulher bonita.
despiu-se tanto e de tal modo
que, de certa forma, e em certo ponto, chegou a ser exatamente , e sem sombra de
dúvida, ela mesma.
aí, então, ela se apaixonou.
antes das histórias de amor.
ramonc/julho-2013.
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