sábado, 26 de abril de 2014

ela tirou da caixa dos desejos (ocultos) palavras com significante sem significado.
pensou que se pusesse nos seres etiquetas, fáceis de decorar como tabelas, poderia ser livre. mesmo sem admitir a liberdade.
porque, nesse mundo saudável, dizer eu “te amo” dói menos (embora se tenha que justificar mais) do que dizer “sou livre”.
ela foi a uma sessão de análise com seu gato,porque ele era o mais adequado (infelizmente) para tocar-lhe as pernas. e se outro-outro a tocasse com língua ou às bocas como era seu gosto (ou seus desejos que, já sabemos, são ocultos) ela sentia-se culpada.
e a culpa é um bálsamo quando as etiquetas vazias penduradas no pescoço de alguém não fazem o menor sentido. e sentidos, como sabemos, não andam com ela de mãos dadas.
ela precisava fugir urgentemente! para longe daqui! para longe de si.
tentou comprar uma passagem para novaiorque porque lá, dizem, o frio é intenso demais para se pensar na vida.
tudo deu errado, afinal, não se vendem passagens para fora do que se é. sabemos, a vida é feita por escolhas, mas as que mais doem são aquelas que ,aparentemente, não se podem voltar atrás, porque há um desejo primordial, um desejo que ultrapassa todos os outros, em Freud e em Goya vemos isso, os homens desejam ser amados.
mas ela ainda não significou a palavra amor.
à noite. ela vai pensar em mim, com raiva...mas vai.
lacaniana nº3

ramoncabril2014.

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