ela
tirou da caixa dos desejos (ocultos) palavras com significante sem significado.
pensou
que se pusesse nos seres etiquetas, fáceis de decorar como tabelas, poderia ser
livre. mesmo sem admitir a liberdade.
porque,
nesse mundo saudável, dizer eu “te amo” dói menos (embora se tenha que
justificar mais) do que dizer “sou livre”.
ela
foi a uma sessão de análise com seu gato,porque ele era o mais adequado (infelizmente)
para tocar-lhe as pernas. e se outro-outro a tocasse com língua ou às bocas
como era seu gosto (ou seus desejos que, já sabemos, são ocultos) ela sentia-se
culpada.
e a
culpa é um bálsamo quando as etiquetas vazias penduradas no pescoço de alguém
não fazem o menor sentido. e sentidos, como sabemos, não andam com ela de mãos
dadas.
ela
precisava fugir urgentemente! para longe daqui! para longe de si.
tentou
comprar uma passagem para novaiorque porque lá, dizem, o frio é intenso demais
para se pensar na vida.
tudo
deu errado, afinal, não se vendem passagens para fora do que se é. sabemos, a
vida é feita por escolhas, mas as que mais doem são aquelas que ,aparentemente,
não se podem voltar atrás, porque há um desejo primordial, um desejo que
ultrapassa todos os outros, em Freud e em Goya vemos isso, os homens desejam
ser amados.
mas
ela ainda não significou a palavra amor.
à
noite. ela vai pensar em mim, com raiva...mas vai.
lacaniana
nº3
ramoncabril2014.
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