quarta-feira, 30 de abril de 2014

o futuro, quando vier,
(se é que virá)
traga o meu passado cru, como ele existe,
em uma sacola simples e bem cuidada.
distribua sobre uma mesa um destino ao contrário.
nem concreto, nem glorioso.
possível.
intenso, talvez.
quando este futuro vier ( se é que virá)
possa servir-se do meu corpo então mais lento
com gestos que lembrarão dançarinos ou gente que pratica feng shui.
que o futuro perceba meu corpo, que, ao passar do tempo, preparar-se-á
para o futuro, com os toques esculpidos pela ação da vida.
quando o futuro vier, sinta-se à vontade em me chamar “velho”
e ouça, com gente jovem a nossa roda,   
as histórias pouco emocionantes de uma vida amiúde
não se vive uma vida para glorias,
ou mistérios da existência.
vive-se, tão somente,
para o matrimônio com o futuro,
que, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto,
beija a nossa mão, embeleza a nossa cara.
enfeia nossos cabelos.
o futuro, que é tão certo quanto a morte,
possa vir tão vivo como a memória de gente velha.

memória.
ramoncabril2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário