quinta-feira, 19 de junho de 2014



a tentativa inescrupulosa de convencer , os que não puderam ver as flores, de que naquele canto do jardim onde jogaram sal  nunca nasceu nada é, antes de tudo, a tentativa de provar que flores não existem.
mas as flores existem.
jogaram, naquele canto do jardim, um punhado de sal na espectativa ( com “s”, porque resgata o termo latino ~espectro~, ou seja, o que está à frente) de que não nascesse flor alguma. e, vindouros dias, trouxeram o futuro que, infelizmente, não deixou que nada, naquele canto, pululasse à primavera. ficou um canto de jardim oco. um pedaço de chão calvo. era o marrom da terra rodeado por cor de vida.
aquele canto oco de jardim era mais que a prova de que as flores existem. pois, pensando um pouco, chegava-se a conclusão: houve flores que foram, à força, impedidas. não era a ausência das flores... era o aborto da terra. alguém, à fórceps, tinha impedido o florescer. não significava a ausência das flores, significava a tentativa violenta de negação das flores.
era o assassinato. era o medo do crescimento.
reina, naquele canto, um cemitério florido. sua ausência é dor. sua presença é negação. sua existência é humanidade.

era o assassinato ou sobre uma conversa com a Flor Azul.
ramoncjunho2014.

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