domingo, 3 de novembro de 2013

eu já estou tão marcado que não cabe um único rabisco de emoção. se , sem querer, eu ler um único poema, transbordo. se meus ouvidos teimosos ouvirem com atenção um verso de uma música boa, não caibo. se, meu olhos, de soslaio, pegam um traço bom de qualquer ser também já transbordado, inundo.

            eu não cabia em mim desse tamanho. tive de alargar à força, à fórceps, a minha figura no espelho. e hoje, o eu de dentro luta desacomodado nessa figura que , quando vejo, aos poucos vai se configurando em mim. se eu sorrir, que seja, rasgo o couro dessa crisálida e ninguém me reconhece, viro do avesso.se isso acontece,  tem pra mim, sangro, até viver. 

sangro até viver.
ramoncnovembrode2013.

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