- Você viu o céu?
- Que tem?
- É outono.
- Cadê a manteiga?
Essa mulher, que você vê agora, é
a mesma que um dia entrou em sua vida e te fodeu. Essa é a mulher que te fez
não querer comer mais ninguém no mundo.
Você, antes, tinha o seu sítio
com umas galinhas que botavam todos os dias, e duas cabras boas de leite.
-Tá ali...
- Não vi...
E agora? Agora, seu sítio tem a
cara dela no futuro, suas galinhas fazem pratos a ela, e suas cabras alimentam
seus filhos. Filhos que tem a cara dela. E seus filhos, a chamam: mãe. No
futuro. No futuro.
- Está comigo.
- Me passa?
- Não, a raptei...
- Qual é a recompensa?
- Fazer amor comigo agora...
-Estou atrasada, se quiser, à
noite...
- Aceito.
E você, agora, ama continuar com
pequenas brigas pela manteiga. E por todas as outras coisas simplíssimas que
sabem um do outro, num caos de tempo.
- Ah, e amo quando você se lembra
do outono. Disse isso enquanto saía rápido o bastante para não ser agarrada, a
bandida.
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