segunda-feira, 28 de maio de 2012

                  Nasci torto. Estranho, cara feia. Ninguém ia comigo " menino cabeça dura !" dizia ela,  " Puxou os teus!" dizia ele. E de tão torto, quando não brigavam comigo, brigavam por assunto meu, coisa minha, ou por mim. 
Cresci torto, cara azeda, no colégio: o piorzinho da sala, o repetente. "Ninguém se dá com aquele menino diretora! Que fazer dele meu Deus?" TERAPIA!!! Os ponderados. SURRA!!! Os ortodoxos. ROLA!!! Os engraçadinhos. 
Nada dava, minha cara azeda, meu aguçado faro pra confusão e polêmica só não era pior porque nunca tive acesso às armas, se tivesse, ponha a mão no fogo: dava morte.  
As moças iam comigo no princípio, até eu disparar contra elas a nova ideia que tive sobre a revolução feminina. Da igreja me expulsaram por não compreender, quieto, o fato de Deus ser uma cara engraçadinho que não se explica em si. E dos puteiros, cães de chacra me deram bordoadas por falar às putas sobre a ética no trabalho. Não me dava com gente de toda espécie. Um cara destes Casmurros, e fortes. Não ia com os boleiros, não ia, com funkeiros. Talento à crítica de toda ordem, ao senho franzido, ao emburrado apetrecho de beiços e bochechas inchadas. Sem tolerância para piadas mal feitas, e hipocrisias morais.
Acabei, e não mudei: não casei, não transei, não fiz muita coisa boa. Mas, não mudei minha opinião.

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