sexta-feira, 15 de junho de 2012

Nós ou a primeira vez que fizemos amor sem nos tocar.

Secretamente tua cintura me diz coisas, eloquente. E seus cabelos, aposto que sabe as histórias loucas que me contaram sobre os meus dedos, quando , em obscenos nós, enlaçaram-se neles. Tua boca, em silêncio me sorri, e o sorriso mostra a língua, ela sem idioma diz "vem?". Teu andar pausado deixa um suave caminho que em mim lembra um labirinto que sempre me guia mais para dentro, mais ao avesso, mais prum espelho antigo onde me exergo. Minha imagem tem você do lado. Tuas mãos foram feitas senão para o meu corpo, para tocar meu corpo, para que meu corpo esteja nelas, e nossos corpos estejam em harmonia simbiótica. Teus olhos são os meus maiores inimigos: sempre a me desafiar, sempre a me provocar, sempre a dizer : você quer, mas você não pode. Se os pego em mim, inflamo. Meu corpo reage ao teu como numa dança, que, de tão natural, parece ter sido coreografada por meses. Por anos. Por vidas. Comunica-nos-mo sem idioma, sem palavra. Basta-nos-mo  o corpo. A alma. A luz está apagada, o filme foi para o ralo, mas infelizmente há barulho na sala. Por enquanto.


Ramon.

Um comentário:

  1. Que coisa mais linda do mundo, "mais ao avesso" seus escritos são cheios de carinho, podem ter sangue, sêmen ,força e dente,mas tem sobretudo um carinho, que eu não sei dizer

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